quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Entrevista com Nuno Canelas, Treinador do Alcaçovense (blog Futebol Distrital)

Nuno Canelas em entrevista retirada do blog Futebol Distrital

Futebol Distrital - Como surgiu o interesse pelo Futebol?
Nuno Canelas - Desde pequeno que sou apaixonado pelo futebol. O gosto pelo jogo e o prazer que me dava jogar, o clima que envolvia os jogos, aproximava-me do meu sonho de criança, que era ser jogador profissional um dia. Claro que era um sonho que eu e muitos miúdos da altura tínhamos. Perseguia esse sonho…

FD - Nuno, fala-nos um pouco sobre o teu percurso desportivo enquanto jogador e treinador?
NC - Comecei nos iniciados do Alcaçovense, clube da minha terra, onde a formação não era a melhor. Até aos Juniores mantive-me por lá, com interregno de duas épocas por não haver equipa, actuando uma época no Torino Torranense em Juvenis uma época em Santo António nos Juniores. Ao chegar aos seniores, estive 11 anos no Alcaçovense onde acumulei várias funções, desde jogador, jogador-treinador, director e presidente. Nesta fase comecei os primeiros passos como treinador, substituía treinadores enquanto não chegavam outros e na formação, onde comecei (juntamente com o Pernas e Chico Mestre) um projecto interessante com mais condições do que na minha altura para os jovens da terra que hoje ainda dura, sem interregno, e que tem dado jogadores aos seniores. Nessa altura também comecei a trabalhar no Sporting Viana, chegando a acumular três equipas, Escolas SCA, Juvenis Sp. Viana e jogador dos Seniores do SCA na mesma época. Vivia 7 dias da semana para o futebol! Com 30 anos terminei um ciclo no Alcaçovense e vim para o rival Sp. Viana como jogador. Depois de uma época de grande fracasso pessoal, na seguinte, tive uma de glória culminando com o título de campeão distrital. Nessa fase em Viana, já treinava os juvenis do Viana. Aproveitando o título como jogador e depois da operação ao joelho, optei por dedicar-me apenas a treinador. Fiquei com a mesma equipa de Juvenis agora nos Juniores, um grupo fantástico que ainda hoje alguns me acompanham, e adjunto dos seniores com o Pinelas. A meio do campeonato com a saída do Pi, assumi a equipa e consegui manter no meio da tabela. Permaneci mais duas épocas em Viana com épocas regulares. Tendo em conta que encaro a vida de treinador como ciclos, optei por dar lugar a outros e procurar outras paragens. Foi aí que regressei ao Alcaçovense, onde estou há duas épocas.

FD - De que forma tens observado a evolução do Futebol no nosso distrito ao longo dos últimos anos?
NC - A evolução tem sido muito satisfatória. Hoje qualquer jovem tem todas as condições para treinar, tem treinadores com conhecimentos e tem campeonatos competitivos. No meu tempo era uma bola e pouco mais. Essa evolução em muito se deve ao investimento de (algumas) câmaras municipais e clubes nos seus campos, proporcionando excelentes condições de aprendizagem e evolução no futebol, retirando-os dos maus vícios. Infelizmente no nosso concelho isso não existiu e estamos hoje a pagar isso caro, sendo obrigados a recrutar jogadores fora do concelho. Aqui valorizo o SCA e o Viana que não desistiram e tentam mesmo no pó e na lama, remar contra a maré…

FD - O que se pode esperar do Alcaçovense para esta temporada, visto que tens um bom plantel e muitas caras novas?
NC - Depois de uma época má, percebemos o que nos fazia falta para fazer um bom campeonato. Foi por essa razão que recrutámos jogadores da nossa total confiança, onde privilegiámos aqueles com quem nós já tínhamos trabalhado. Todos os reforços foram mais-valias e seguramente temos um plantel mais forte e equilibrado. Quanto ao que podemos fazer esta época, podemos fazer uma época interessante, quem sabe até marcante. Para isso teremos que encarar jogo a jogo como uma final. Sabemos o que pretendemos e sentimos que a equipa está a crescer. Andar nos primeiros lugares é a nossa meta, para isso estamos a trabalhar afincadamente para o conseguir. O campeonato é equilibrado embora existam duas equipas que para mim são as grandes favoritas (Arraiolos e Arcos). Nós vamos intrometer-nos na luta, prometo…

FD - Tens projectos para o teu futuro?
NC - Já trabalhei em todos os escalões como treinador, excepto iniciados. Neste momento estou no SCA e quero atingir os meus objectivos. Sou novo, ambicioso, mas com muita vontade de apreender. Obvio que gostaria de ter outras oportunidades e se elas surgirem, irei aproveita-las.

FD - O teu objectivo enquanto jovem Treinador é chegar a um grande do nosso Distrito ou sonhas mais alto?
NC - O sonho comanda a vida!! Estive três anos na principal divisão do distrito e regressar seria uma honra. Se for num clube grande, ainda melhor. Não tenho pressa, o futebol é um mundo muito complexo onde, como em tudo na vida, é preciso sorte.

FD - Qual foi o momento que mais te marcou enquanto jogador?
NC - Sem duvida a época no Viana em que fomos campeões. Uma verdadeira equipa, um grande grupo com um grande comandante à sua frente (Pinelas). Conseguimos sob pressão recuperar a desvantagem, vencemos os últimos jogos da 1ª fase onde éramos obrigados a isso e chegámos a fase final, não dando hipótese. O ambiente do balneário era de grande cumplicidade e foi essa a força necessária para conseguir os nossos objectivos.

FD - Com o aumento das dificuldades financeiras que os clubes atravessam achas que é importante a aposta nas escolas dos clubes?
NC - Sem dúvida. A formação hoje tem um papel fundamental e os clubes terão que recorrer às suas escolas. Os clubes terão que olhar para dentro das suas estruturas, criar melhores condições e saberem aproveita-las.

FD - Já treinas-te varias equipas, qual foi o jogador que mais te marcou?
NC - Não é fácil… há tantos que me marcaram pela positiva, mas outros pela negativa. Lembro-me que quando comecei tinha um miúdo que com 7 anos jogava nos infantis do SCA. Na altura tinha já uma inteligência em campo que via-se que seria jogador. Hoje está nos Juniores do Belenenses (Pisco). No Viana tive o Salgado que é um ser humano que me marcou, um homem que passou por muitos clubes e que tem uma forma de estar no futebol, como muitos deviam ter. Destaco os miúdos que hoje se aproveitam da formação do Viana, que comigo trabalharam e ainda trabalham. Humildes e ambiciosos. Sou um treinador exigente e nem todos se adaptam ao meu estilo. Os que me compreendem e aceitam as regras tem tudo de mim e sairemos valorizados.

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